segunda-feira, 25 de abril de 2011

Olhando Belém...

Vejo uma cidade tropical que resume história, cultura e natureza amazônica. Nosso povo alegre e hospitaleiro acolhe o visitante, cheio de histórias para contar. O jeito manso da linguagem, as lendas e os encantos do caboclo amazônico conquistam ao primeiro contato.
A cidade das famosas mangueiras, as quais são consideradas um símbolo de revitalização histórica e urbana da cidade, é cheia de diversidades.
A chuvinha gostosa ao fim da tarde, os cheiros, a música e os ritmos que só a Amazônia é capaz de proporcionar, nos convidam ao inesperado. Como por exemplo - os folguedos juninos, uma mistura de quadrilha, bois e pássaros, que marcam importantes manifestações nesta cidade cheia de encantos e ritmos originais. Temos também o Carimbó que é considerado a maior representação da cultura amazônica. E por conta disto seus representantes vêm lutando para registrá-lo como “Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil”.
Interessante também são os shows populares, ao som das possantes aparelhagens conhecidas como Treme-terra. Elas agitam os finais de semana ao som do tecnobrega, que é um gênero musical criado pela periferia urbana da cidade.  O Arraial do Pavulagem é outro movimento que valoriza e propaga a arte amazônica raiz, suas apresentações são marcadas pelo grande número de brincantes.
O artesanato predominante da região é a cerâmica marajoara, herança dos conhecimentos centenários de tribos indígenas da Ilha do Marajó. Uma dica é pegar a estrada rumo à cidade de Icoraci, cerca de uns 20k da capital paraense. Lá é possível comprar as peças diretamente dos artesãos, que se reúnem nas feirinhas das praças Matriz e São Sebastião.
O cartão postal da cidade é o Ver-o-Peso, o mercado é uma verdadeira farmácia natural a céu aberto. Lá encontramos as mais diferentes ervas medicinais, raízes, temperos, perfumes e os famosos banhos de cheiros paraenses. Há quem diga que estas porções são capazes de levantar até defunto!!..srsrrs 
Na culinária, muitos especialistas acreditam que nossa gastronomia é a mais original e genuína culinária brasileira. Nossos sabores exóticos são tão diferentes aos paladares tradicionais, que Chefs renomados do mundo inteiro desembarcam na cidade em busca da variedade de nossos ingredientes. A pimenta-de-cheiro, o camarão seco, o jambu e o tucupi são apenas alguns dos temperos que completam a saborosa mesa paraense.  Uma pedida é provar um tacacá quentinho em uma das diversas barracas espalhadas pela cidade. E jamais deixe de conhecer a sorveteria Cairu e tomar um daqueles deliciosos sorvetes de frutas regionais. Tem o de bacuri, cupuaçu, pupunha, castanha-do-pará, açaí, tapioca...uhmm é Pai’d égua!...kkkk
Não posso deixar de falar sobre a fé de meu povo. A religiosidade paraense é marcada pela procissão do Círio de Nazaré. É emocionante acompanhar a romaria fluvial, onde dezenas de embarcações, enfeitadas de bandeirinhas cortam as águas da Baía do Guarajá, levando a imagem de Nossa Senhora de Nazaré. A devoção e a fé que move este povo é tamanha, que durante o evento religioso milhares de fiéis se espremem agarrados a uma “corda” que liga à berlinda da Virgem Santa. Acreditando no seu poder sagrado. Durante este período ocorrem muitos festejos pela cidade - é uma mistura do religioso com o profano.
Uma curiosidade é que o Círio de Nazaré foi o primeiro bem cultural inscrito no registro de celebrações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Brasileiro desde 2004.
E assim, vou ficando por aqui. Saudosa de minha amada Belém. Finalizo com a bela composição de quem canta e encanta a Amazônia...
(...)Te trago da minha terra, o que ela tem de melhor. Tigela de açaí, bumba-meu-boi dançador. Trago da minha cidade tudo que lá deixei. Numa das mãos a vontade e na outra o que sonhei. Nilson Chaves.
Nós paraenses costumamos agradecer dizendo “Um xero”!!! Clí Santos.

Obs
: Pai’d égua é uma expressão paraense e significa excelente!
Para ilustrar este post, uma imagem do Blog Arraial do Saber do projeto Arraial do Pavulagem.
Difícil escolher uma música de Nilson Chaves, mas esta tem muito a ver com a minha narração. Chama-se "Da minha Terra". É um carimbó bem suave e com muita percussão. Eu adoro.
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Quero registrar o imenso agradecimento pela contribuição da minha amiga paraense Clicia Santos que descreveu com o coração sua amada cidade. É um conteúdo que enriquece o Blog Cidades Turbinadas.
Ivone Mourão - Equipe Marcos Turbo

3 comentários:

  1. Olá Maria.
    Post divulgado na Teia.
    Até mais

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  2. Ivone, o prazer é sempre meu de poder dividir com mais pessoas todo o amor que tenho pelas minhas raízes amazônicas.
    Grande abraço e vamos gir@ndo!!! Ops, aqui é turbinando..rsrsr
    Clí santos

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  3. Olá amiga,
    Vim conferir com mais calma o blog Cidades Turbinadas (mas que bela analogia às Cidades Invisíveis de Calvino). E também prestigiar, com muito orgulho, o lindo texto escrito por minha irmã sobre Belém.

    Bom conhecê-la junto com vc, virtualmente, visto que só estive lá quando pequenininha e não guardei na memória nada de que possa lembrar da cidade.

    Já adicionei o blog em meus favoritos.
    Beijos e sucesso!

    Amanda Paz
    Varginha-MG

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